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Trecho da reportagem de capa da revista Veja sobre a renúncia de Fidel:
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"O ditador entrega o comando direto do país ao irmão, abre caminho para mudanças, mas fica ainda como um fantasma assombrando o povo e preservando sua tenebrosa herança.
O que será de Cuba depois que Fidel for se encontrar com Marx no céu dos comunistas? O regime cubano, da forma como nós o conhecemos, não pode sobreviver a seu criador. No dia seguinte ao funeral do "comandante-en-jefe", tudo parecerá no mesmo lugar – o Partido Comunista, a polícia política, os ministérios, a camarilha dirigente –, mas essa estrutura terá a consistência de um painel cenográfico."
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Ontem, numa fila de supermercado, ao observar a capa da edição 2049 dessa revista, obtive a resposta à pergunta que sequer nunca havia me feito: "Porque deixei de ser assinante de Veja".
O "Já Vai Tarde" sobre a silhueta de Fidel Castro, sugere até um plágio de um texto meu sobre a morte do ditador chileno Augusto Pinochet, enquanto a Veja, na edição de 20.12.2006, publicava: "O golpe de 1973 foi um produto da Guerra Fria. A CIA, o serviço secreto americano, que tinha tramado para impedir a posse de Allende em 1970, recebeu carta-branca e verbas para ajudar a organizar e financiar o golpe." Por que criar um fosso tão grande entre ditaduras de direita e de esquerda? Por que Fidel incomoda tanto essa revista e Pinochet não?
Rodolfo Vasconcellos
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Trecho extraído do texto publicado pela revista Veja sobre a morte do sanguinário ditador chileno Augusto Pinochet, fato que não mereceu sequer uma chamada de capa como se pode ver na foto imediatamente acima:
“Existe a crença de que sem a ditadura não teria sido possível atingir um bom desempenho econômico. Reformas liberais similares promovidas por Margaret Thatcher na Inglaterra resultaram em desenvolvimento econômico acelerado sem arranhar minimamente a democracia. Por outro lado, modelos econômicos ultrapassados não dão certo mesmo quando garantidos por regimes de força. De outra forma, a ditadura cubana teria criado um país próspero, e não um dos mais pobres da América Latina.”
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Nas duas edições seguintes procurei na seção de cartas a publicação da minha correspondência e, não só não encontrei a minha como não encontrei uma única criticando a postura fascista da revista. Apenas uma dezena de cartas foi publicada, todas apoiando o “Conselho Ditatorial” da revista.
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